quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

 
 
Dais muito pouco quando dais daquilo que vos pertence. 
É quando dais de vós próprios, que realmente dais.
O que são vossas posses,
senão coisas que conservais ciosamente,
com medo de vir a precisar delas amanhã?
Quando o vosso poço está cheio,
não é o medo da sede, que torna a vossa sede insaciável?
Alguns dão pouco do muito que têm 
e fazem isso em troca do reconhecimento
E o seu desejo oculto corrompe os seus dons.
Outros têm pouco e dão tudo.
Estes são os que acreditam na vida, na bondade da vida,
e o seu cofre nunca está vazio.
Há quem dê com alegria, e esta alegria é a sua recompensa.
Há quem dê com pena e essa pena é o seu batismo.
É bom dar quando nos pedem;
e é bom dar sem que nos peçam, como bons entendedores.
E, para o homem generoso,
procurar aquele que vai receber é maior alegria do que dar.
Portanto, dai agora,
para que o tempo de dar seja vosso e não dos vossos herdeiros.
Muitas vezes dizeis:
- “Eu daria, mas somente a quem merece”
As árvores dos vossos pomares não falam assim,
nem os rebanhos dos vossos pastos.
Dão para continuar a viver, porque guardar é perecer.
Procurai antes merecerdes ser doadores e instrumentos de
doação.
Porque, em verdade, é a vida que dá à vida,
e quando julgais ser doadores, sois apenas testemunhas.

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